“Alguma Poesia”: um livro para nascer leitor
- Gabriela Traversim

- 26 de jun.
- 2 min de leitura
“Vai, Carlos! Ser gauche na vida.” Com esse verso inaugural, Carlos Drummond de Andrade abre Alguma Poesia, seu primeiro livro, publicado em 1930. E já nessa frase — ao mesmo tempo melancólica e desafiadora — ele inaugura uma nova forma de ser poeta no Brasil: mais íntima, mais urbana, mais humana.

Ler Alguma Poesia hoje, quase um século depois, é como abrir uma janela para um Brasil em transformação. As ruas de Belo Horizonte, a lembrança da infância em Itabira, as perguntas silenciosas diante da vida cotidiana — tudo isso aparece nos poemas com um olhar que mistura ironia, espanto e ternura. O livro faz parte das leituras anuais que os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental realizam durante o período letivo.
O convite à leitura de Alguma Poesia é também um convite à escuta. Drummond fala de infância, identidade, amor, política, tédio, silêncio. São temas que atravessam gerações e fazem eco nas inquietações dos jovens leitores de hoje. A beleza está na simplicidade e na complexidade que ela esconde. Cada verso é como uma pedra no caminho — atrapalha, provoca, faz pensar.

Drummond nasceu em Minas Gerais, na cidade de Itabira, em 31 de outubro de 1932. É considerado um dos maiores poetas da segunda geração de autores modernistas brasileiros e seu livro inaugurou o que os teóricos da literatura chamam de “Poesia de 30”. Ele é figurinha carimbada aqui no blog e já apareceu em vários posts. Confira aqui e aqui para ler mais sobre o autor.
Para complementar a experiência de leitura, o Instituto Moreira Salles produziu um belíssimo vídeo que resgata a figura e a voz do poeta, contextualizando sua obra e sua importância para a literatura brasileira. O vídeo pode ser um ótimo ponto de partida para refletir sobre os poemas da obra. A professora Mariana Quadros, responsável pela narrativa e interpretação do vídeo, é doutora em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2014) e professora do Colégio Pedro II desde 2009. Atua com educação literária, semiótica e poesia moderna e contemporânea.
Ler Drummond, não se trata apenas de entender os poemas, mas de deixar que eles nos toquem, mesmo que não compreendidos de imediato. “Alguma poesia” é essa porta entreaberta. Cabe a nós empurrá-la, com os alunos, com os olhos e com o coração.
Na dúvida, sempre vale reler aquele final que tanta gente conhece e nunca envelhece:
“Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo.”
Confira outras obras de Drummond disponíveis no acervo da biblioteca:

























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