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Entre o véu e a liberdade: a força de Persépolis

  • Foto do escritor: Gabriela Traversim
    Gabriela Traversim
  • há 3 minutos
  • 3 min de leitura

Obra lida pelos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, “Persépolis” é mais do que uma obra em quadrinhos. Um marco na literatura mundial, este livro escrito pela primeira escritora e ilustradora iraniana é um reflexo autobiográfico que aborda questões sobre opressão, liberdade, tanto individual quanto coletiva e as muitas facetas das culturas orientais, sobretudo na ótica ocidental.

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“Persépolis" é uma autobiografia, escrita e ilustrada pela cineasta iraniana Marjane Satrapi. A obra, toda em preto e branco, relata sob o olhar da autora, a Revolução Iraniana e como isso afetou a ela as pessoas ao seu redor. Em 1979, o Irã era uma monarquia liderada pelo xá Reza Pahlavi. O xá, título monárquico persa, era a instância máxima, tal qual o rei nas monarquias ocidentais. Porém, décadas de repressão política, intervenções estrangeiras e ocidentalização imposta gerou um descontentamento popular que ocasionou em uma série de protestos, greves e por fim, a dissolução da monarquia. O Irã passou a ser então, uma república teocrática, ou seja todos sua autoriedade, legislação e estrutura de podera eram baseados no islamismo. O Irã passou a ser governado pelo aiatolá, título máximo do islamismos xiita, Ruhollah Khomeini. 

A autora, Marjane Satrapi.
A autora, Marjane Satrapi.

Nascida em 1969, Marjai era filha de um pai engenheiro e mãe, designer de moda. Eles viviam com base nos princípios ocidentais, o que chamou a atenção das autoridades após a revolução. Em 1984, seus pais a enviaram para Áustria, para completar os estudos e lá ela passou grande parte da sua juventude. Após um relacionamento fracassado, Marjane se viu desolada e sem rumo. Retornou ao Teerã aos 19 anos onde completou os estudos e se casou. Apesar disso, o relacionamento com Rezah, um iraniano e seu colega de faculdade não deu certo. Após o divórcio, ela volta para a Europa, onde vai morar na França para continuar seus estudos em Arte. 

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O livro, que inicialmente foi publicado em dois volumes, em 2000 e 2001, no Brasil é encontrado em um volume único, retrata a vida de Marji, apelido da autora, no Irã durante a Revolução Iraniana. Em 2003 ele foi traduzido para o inglês e em 2007, foi transformado em uma animação que levou uma indicação ao Oscar na categoria de melhor animação. Veja o trailer do filme abaixo: 


“Persépolis” é, acima de tudo, uma obra de resistência e memória. Por meio de traços simples, com influência do Expressionismo Alemão, e profundamente expressivos, Marjane Satrapi reconstrói sua infância e juventude em um contexto de censura, repressão e conflito entre tradição e modernidade. A narrativa mistura fatos históricos com experiências pessoais, revelando o impacto humano das transformações políticas e religiosas do Irã.

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Mais do que um relato autobiográfico, o livro de Marjane Satrapi é uma denúncia contra a perda de liberdade e a opressão, sobretudo das mulheres, em regimes autoritários. Ao mesmo tempo, é uma história universal sobre crescimento, identidade e pertencimento e pela a busca da autora por um lugar no mundo que reflita a luta de muitos que vivem entre culturas e fronteiras.

Este é um livro que nos convida a repensar estereótipos e a compreender o Irã para além das imagens propagadas pelo Ocidente. Esta  não é apenas uma história em quadrinhos ou uma animação, mas um testemunho poderoso de coragem, humanidade e amor pela liberdade, valores que permanecem tão urgentes hoje quanto na época em que a autora os viveu e retratou.

Veja também a entrevista que a autora, Marjane Satrapi deu para a atriz e ativista Emma Watson para a revista Vogue:


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