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Entre o grito dos bichos e o fogo das palavras

  • Foto do escritor: Gabriela Traversim
    Gabriela Traversim
  • há 4 horas
  • 3 min de leitura

Dois escritores visionários do gênero distopia, dois clássicos da literatura mundial que atravessaram décadas e continuam incrivelmente atuais. De um lado, George Orwell, com A Revolução dos Bichos; do outro, Ray Bradbury, com Fahrenheit 451. Ambos escreveram sobre futuros sombrios, com um alerta sobre o poder, a censura e a manipulação e fazem parte dos títulos que os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental leem, neste semestre. Um em português, o outro em inglês.  Nesta segunda edição da batalha literária do Blog do Uirapuru, qual dessas obras-primas vence o duelo das distopias?


1º Round: Os autores

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George Orwell (1903–1950) foi um escritor, jornalista e ensaísta britânico. Suas obras, marcadas por forte crítica política e social, refletem a preocupação com regimes totalitários e a manipulação das massas. A Revolução dos Bichos (1945) é uma alegoria da Revolução Russa e do stalinismo, mas sua mensagem ultrapassa o contexto histórico, tornando-se um alerta atemporal sobre os perigos do poder absoluto.


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Ray Bradbury (1920–2012), escritor norte-americano, destacou-se pela ficção científica e pelo olhar poético sobre o futuro. Fahrenheit 451 (1953) nasceu em plena Guerra Fria, época em que o medo e a censura moldavam o mundo. Bradbury usou a metáfora dos “bombeiros que queimam livros” para discutir a alienação e o controle social por meio da tecnologia e da superficialidade da informação.

Resultado: Orwell mergulha na política e na corrupção do poder; Bradbury investiga o impacto da ignorância e da censura na alma humana.
Empate técnico: os dois autores pensaram em formas poderosas de alertar o leitor sobre o perigo de perder a liberdade.

2º Round: As obras

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A Revolução dos Bichos: Quando os animais  de uma fazenda se rebelam contra os humanos, acreditam estar construindo uma sociedade justa e livre. Porém, à medida que o tempo passa, os porcos, liderados por Napoleão, o porco-líder, assumem o controle e reproduzem os mesmos abusos que condenavam. A famosa frase “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros” resume a crítica de Orwell à hipocrisia do poder e à manipulação das massas.


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Fahrenheit 451: Em um futuro em que os livros são proibidos, o bombeiro Guy Montag começa a questionar o sistema que o obriga a queimar o conhecimento. Ao conhecer Clarisse, uma jovem curiosa e livre, ele desperta para o valor do pensamento crítico e da leitura. Bradbury constrói uma metáfora sobre o apagamento da memória coletiva e o perigo de uma sociedade que prefere o entretenimento vazio à reflexão.

Resultado: Enquanto Orwell fala de revoluções traídas, Bradbury mostra o medo do pensamento livre.
Vencedor: Apesar de Orwell apresentar pontos válidos, em Fahrenheit 451, Bradbury ganha pela ousadia de transformar o ato de ler em resistência.

3º Round: Temas e Abordagens

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George Orwell: Sua escrita é direta, política e simbólica. Orwell denuncia como o poder corrompe e como a linguagem pode ser usada para controlar a realidade. Em A Revolução dos Bichos, a manipulação das palavras e dos ideais, é a principal arma dos opressores.

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Ray Bradbury: Mais poético e emocional, Bradbury alerta para o vazio existencial causado pela tecnologia e pela falta de pensamento crítico. Seus personagens vivem em um mundo onde sentir e pensar são atos de rebeldia.

Empate: Orwell fala da corrupção do poder, já Bradbury, da extinção da alma crítica. Ambos apontam para o mesmo perigo: a perda da liberdade, seja pela força, seja pela indiferença.

Resultado Final:

Após três rounds intensos, o placar permanece indefinido. Orwell e Bradbury escrevem sobre mundos diferentes, mas igualmente perturbadores. Ambos pedem que o leitor desperte, questione e reflita sobre o papel das ideias na construção de uma sociedade livre.

De um lado, A Revolução dos Bichos mostra como o abuso de poder e força da manipulação; do outro, Fahrenheit 451 revela o preço da ignorância e da apatia. Juntos, formam um espelho assustador do nosso próprio mundo.

Talvez, no fim, o verdadeiro vencedor seja o leitor, que aprende com Orwell a desconfiar dos discursos e com Bradbury a defender o pensamento livre — custe o que custar.

E você, leitor do Blog do Uirapuru: qual dessas distopias mexeu mais com você?


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