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  • Paula Lima

Brasileiros originais


"Tendo nascido em uma sociedade onde as pessoas são educadas para sentirem-se parte do todo;

Onde o tempo não é linear impedindo que as pessoas desperdicem suas vidas correndo atrás de riqueza e poder;

Onde cada fase de vida é tratada como um processo que nunca mais se repetirá e por isso deve ser vivida em sua plenitude;

Onde a relação com a natureza não é de domínio, mas de convivência;

Onde as pessoas se sentem solidárias umas às outras e capazes de partilhar seu pão e sua poesia;

Onde o passado é visto e respeitado como memória e o presente como uma dádiva que precisa ser usufruída e agradecida em todo momento;

Onde as crianças tudo podem porque são educadas pelos velhos, que tudo sabem;

Onde os saberes são partilhados pelas histórias contadas nas noites sem lua para nos lembrarem que somos partes do mundo e não seus donos;

Onde, enfim, somos desde que nascemos e nascemos para sermos inteiros, completos, não no futuro distante, mas no agora, no presente, hoje..."


Manifesto, Daniel Munduruku

 

No dia 19 de abril é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, por isso hoje vamos falar de livros sobre esse tema que estão disponíveis pelo app Bamboleio, uma biblioteca digital que está com acesso liberado ao acervo de literatura infantil por 45 dias.


A data foi escolhida em 1940, quando houve, no México, o Congresso Indigenista Interamericano, que tinha o objetivo de discutir medidas para proteger os povos nativos nas Américas. A princípio, os líderes indígenas se recusaram a participar por achar que não seriam ouvidos, mas acabaram por comparecer justamente no dia 19 de abril - e assim a data foi instituída.


De acordo com os dados do censo de 2010, o Brasil tem 817,9 mil indígenas de 305 etnias e que falam 274 línguas diferentes - por isso eles apontam para a arbitrariedade de chamar todos eles indistintamente de indígenas, sendo que são muitos povos com diferenças entre si.


Neste ano, há uma preocupação maior com essas populações, que normalmente já são mais vulneráveis, por conta da pandemia do novo coronavírus. Os povos nativos, culturalmente, se organizam de maneira coletiva, o que inclui alimentação e moradia - é comum que muitas pessoas morem em uma mesma casa, por exemplo, e medidas de isolamento social não são viáveis nas aldeias.


Por isso, vamos falar aqui sobre aspectos dessas culturas originais do Brasil que merecem ser bem cuidadas como brasileiras que são, certo? Além disso, a forma de conviver dos povos nativos podem ser chaves para um futuro mais humanizado e em harmonia com a natureza.


Para conhecer as tradições musicais indígenas, o site do livro A floresta canta!, da editora Peirópolis, traz áudios de canções de diversas etnias, com as letras na língua original e traduzidas. As músicas têm uma sonoridade diferente da que nós estamos acostumados - é superlegal de conhecer e descobrir como as palavras são pronunciadas. As autoras do livro estiveram no Colégio no ano passado e deram oficinas e brincadeiras musicais para o 3º ano do Fundamental 1 e foi lindo!

Outra coisa legal para apresentar às crianças são estes jogos on-line com temática indígena selecionados pelo Museu do Índio: tem treino de pontaria e adivinha de sons de bichos com a Tainá, jogo da memória e quizzes! O Museu também selecionou ilustrações para imprimir e colorir.


 

Agora vem com a gente saber mais sobre algumas línguas indígenas nestes livros aqui:



Falando tupi

De Yaguarê Yamã, Pallas

Este é um livro bilíngue, escrito em tupi pelo autor Yaguarê Yamã, do povo amazonense Maraguá, com a tradução de cada frase em português logo abaixo. É muito interessante porque dá para ver na estrutura e no tamanho das sentenças a diferença entre essa língua original do Brasil e o português. Com as ilustrações do artista plástico Geraldo Valério, traz ainda o significado de palavras de uso corriqueiro com origem indígena. É o caso do nome de várias cidades paulistas, inclusive Sorocaba (sendo que s'aba significa "local" - e o nome da nossa cidade quer dizer Local da terra rompida - ou rasgada, como muitos de vocês já devem saber!).





Poeminhas da terra

De Márcia Leite, Pulo do Gato

Com poemas que brincam com várias palavras de origem tupi-guarani, Poeminhas mostra de forma lúdica e muito gostosa de ler como é um dia de um curumim em uma aldeia. Tem a hora de comer, de pescar, de festejar, de brincar, de ver os bichos - e somos inundados pela sonoridade incrível de palavras como tapioca, mandioca, jacaré, jiboia, jabuti, jenipapo, guaraná, pirarucu, urubu e também - uirapuru!




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