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  • Paula Lima

Contos de quem?

Atualizado: 25 de out. de 2019


Olá, pessoal, tudo bem?

Completem a lacuna a seguir com a primeira palavra que vier à cabeça de vocês: contos de __________.

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Quem aí disse “fadas”?


Pois é, talvez essa seja a resposta mais óbvia, mas hoje vamos falar sobre contos de outras personagens - essas bem menos conhecidas: as sacisas. Isso aí, a versão feminina dos sacis. Para o segundo e o terceiro encontros de leitura literária com o primeiro ano do Colégio, o título escolhido foi Contos de sacisas, escrito por José Roberto Torero e ilustrado pela artista plástica Psonha. No primeiro encontro, as crianças contaram que gostam muito de livros de lendas e, como pretendíamos apresentar personagens inusitados, a escolha pareceu acertada.


No livro, publicado no ano passado pela Companhia das Letrinhas, um escritor resolve criar um livro sobre sacis e vai a campo para fazer a pesquisa. Quando consegue jogar uma peneira sobre um redemoinho na floresta - o velho jeito de caçar sacis -, qual não é a sua surpresa ao deparar com uma sacisa! E ele, que nem sabia que elas existiam (e alguém aí sabia?), descobre ainda que os contos de fadas são, na verdade, contos de sacisas: a Bela Sacisa Adormecida, a Branca de Algodão e os sete sacis, a Pererenzel e a Sacinderela.


Durante a conversa, algumas crianças contaram que já conheciam o saci (a maioria porque assistiu a um episódio de Detetives do Prédio Azul em que o personagem aparecia), outras já tinham ouvido falar e outras não conheciam - para essas, os amigos explicaram do que se tratava (eles vão ler O Saci, de Monteiro Lobato, no segundo semestre). Mas todas acharam curiosa e divertida a mistura das histórias tradicionais de princesas com a versão feminina da lenda nacional.


Em relação à forma narrativa, os alunos perceberam a mudança de narrador que acontece no início da história - do “caçador” (o escritor que se veste de caçador) para “a sacisa com o giz na mão” (que aparece na capa) - e no fim, quando o escritor retoma a consciência e volta a contar a história.

Chamou muito a atenção deles o fato de o fazendeiro Sá Cardoso Pereira aparecer em todos os quatro contos. Ele sempre se apaixona perdidamente pela sacisa em questão e sempre promete a mesma coisa para elas: joias, vestidos e sapatos. A reação das crianças foi fervorosa:


“De novo o fazendeiro!”

“Ele falou a mesma coisa!”

“Igual àquele outro!”

“É o mesmo!”

“Ah, ele fala sempre a mesma coisa!”.


Um aluno ficou até irritado com a insistência do fazendeiro: “quando que esse moço vai parar de encher o saco delas?”.

A leitura foi feita em dois encontros e, no final do primeiro, em que lemos o “Antes”, “A bela sacisa adormecida” e “Branca de Algodão e os sete sacis”, quase todos foram olhar os outros capítulos para ver quais eram os próximos contos e o que acontecia no final. Perceberam que “a mulher do final é a Sacinderela” e que ela fez “uma perna de robô”/“uma perna de metal” para ir ao baile do fazendeiro, tentando adiantar o que descobririam na leitura seguinte: que a perna era de madeira.


No dia do segundo encontro, o cabelão de tererê da Pererenzel foi muito comentado, especialmente porque, em uma das salas, uma aluna também estava de tererê! Na história da Sacinderela, que alguns acharam "bem longa", as crianças notaram que acontece “a mesma coisa que a Cinderela, só que cai a perna”, quando a sacisa vai embora do baile na casa de Sá Cardoso Pereira.


Porém, se a Sacinderela também acabou gostando do fazendeiro, que finalmente teve seu amor correspondido, esse "felizes para sempre" foi nos termos dela: nada de diamantes nem de esmeraldas e menos ainda de sapatos ou casamento - ela preferiu apenas namorar e viver com ele na floresta.


Ao final do livro, quando a voz narrativa volta a ser a do escritor do início da história e ele encontra um casal andando a cavalo, as crianças perceberam que a mulher “é a mesma sacisa, só que mais velha” - a Sacinderela, no caso. O que teria acontecido aí?


“O tempo passou”

“Eles fizeram vários aniversários juntos!”


<3


Alguém perguntou se o homem era um saci. Na sela do cavalo do personagem, a inscrição dá uma dica: "Sá C. Pereira". Sonoridade sugestiva, não?


Até a próxima!


Livro: Contos de sacisas

Autor: José Roberto Torero

Ilustradora: Psonha

Editora: Companhia das Letrinhas

Páginas: 48

Ano: 2018


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