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Dayan Marchini

Os invisíveis, por Tino Freitas e Odilon Moraes

O livro de hoje pode passar despercebido por olhos menos atentos. Ele é pequeno, tem uma capa branca e as ilustrações em grafite quase não se destacam na maré de livros coloridos da biblioteca. Uma pessoa desatenta, não daria atenção ao livro e pouco se interessaria pela obra, mas é por isso mesmo que este livro se faz presente. A história do livro é justamente sobre os "invisíveis" que estão a nossa volta e como não os percebemos ao longo da nossa rotina, e que talvez, tenhamos que ter olhares menos adultos para enxergá-los.



“Era uma vez um menino com um super poder: na sua família só ele via os invisíveis”.


A mais recente edição do livro “Os invisíveis”, de Tino Freitas e Odilon Moraes, publicado pela Companhia das Letrinhas em 2021.


Nesta obra fugaz e pertinente, o leitor se depara com a delicadeza pungente das coisas que escapam aos nossos olhos conforme começamos a crescer. Escrita por Tino Freitas e ilustrada por Odilon Moraes, “Os invisíveis” conta a história de um garotinho que tinha o poder de ver tudo o que, aparentemente, ninguém via: o gari, o mendigo, as pessoas em suas pressas pela cidade, mas não era só isso… À vezes, ele tinha a impressão de que era invisível também.


Conforme o tempo passa, o menino vai perdendo seu superpoder. Conhece a faculdade, começa o trabalho, se apaixona, perde e ganha pessoas. Assim, as responsabilidades da vida adulta o obrigam a enxergar como todo mundo e ele só olha pra dentro da sua própria bolha, esquecendo que um dia, teve um poder - o mais sensível dos poderes.

Com uma ilustração particular e intensa, somos envolvidos de forma fluida pela narrativa, que com imensa leveza nos faz refletir sobre a densidade que pode se ter a vida quando deixamos de perceber os detalhes do cotidiano, quando somos tomados por olhos racionais demais, duros demais, cansados demais, adultos demais. Uma obra sobre empatia e crítica social que relembra sobre estarmos atentos e humanos, pois não basta ser, é preciso estar humano.

“Neste livro, por exemplo, na companhia do músico e ilustrador Odilon Moraes, ofertamos uma canção para o olhar. E desejamos que, ao entrar na dança dessa leitura, vocês possam encontrar mais que uma boa história: descubram-se superpoderosos. E dancem com empatia, teimosia e esperança”.

Que através das palavras acima, ditas pelo próprio autor, aceitemos o convite e possamos dançar, ouvir silêncios e enxergar invisibilidades, sem perder de vista a criança que habita em nós.


Primeira edição do livro, ilustrada por Renato Moriconi e publicada pela Casa da Palavra.


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1 commentaire


Elizabeth Takeda
Elizabeth Takeda
20 mai 2022

De fato, sem notar perdemos a nossa percepção do outro, sobre quem ele é e, por vezes nos enveredamos apenas no que ele faz.


Nosso olhar vai perdendo a concentração nas pessoas à nossa volta e vamos nos enquadrando em maneiras rápidas e imediata de viver a vida com uma velocidade tal que a paisagem e as pessoas se tornam vultos de passagem que um dia passou pela nossa vida.


Que leitura incrível! Não conhecia! Obrigada por compartilhar!😀


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