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Paula Lima

Uma menina meio igual, meio diferente: Catarina!

Atualizado: 26 de fev. de 2020



Pessoal, o livro de hoje, Ca-ta-ri-na, publicado pela editora Carochinha, foi escrito pela Thais Laham Morello e ilustrado pela Rita Taraborelli, que são aqui de Sorocaba. A Thais é psicóloga e escritora (são dela Atum, o gato grato e Atum: o gato grato cai no mundo), e a Rita, além de desenhar, cozinha muito, escreve e costura (conheçam mais das coisas incríveis que ela faz!). Não é muito legal? As duas até estudaram juntas no colégio e toparam falar com o blog sobre esse trabalho juntas: aí embaixo tem uma entrevista com a Thais em que ela conta como criou o livro, e um vídeo em que a Rita mostra um pouco pra gente sobre a técnica de ilustração que ela usou – sobre madeira, vejam que bacana!


A personagem principal, Catarina, é uma menina que chega a uma escola onde todo mundo parece bem igual. Como a Rita já contou um pouquinho aí no vídeo, ela se sente diferente de todos, e todos também acham que ela é muito diferente. Ela é supersensível e bem, bem quietinha, mas sempre sente e pensa um monte de coisas. A Catarina se sente meio fora de lugar ali, sabem como é?


Então, ela conhece o João, um menino doce que acha a Catarina muito legal do que jeitinho que ela é: quieta, meio esquisita, meio engraçada, meio igual e meio diferente. Mas será que todo mundo não é meio assim – um pouco igual e um pouco diferente ao mesmo tempo?


Bom, vamos ver o que a autora do livro, a Thais tem a dizer sobre tudo isso!


Blog: Como você criou a personagem principal do livro? E como escolheu o nome dela?

Thais: A personagem Catarina surgiu de forma espontânea, através da minha experiência como psicóloga clínica. Escutando diversas histórias em meu consultório, notei que havia algo em comum em todas elas, que é um sentimento de se sentir diferente das outras pessoas. Por isso digo que todo mundo é um pouco igual, um pouco diferente! Mas minha maior fonte de inspiração foi uma garota chamada Catarina. Essa menina quieta, cheia de pensamentos, me tocou profundamente e escolhi o nome Catarina em sua homenagem. A história dela me fez conectar com um sentimento forte que eu tinha quando era criança, de me achar diferente das outras pessoas. Era um sentimento um tanto ruim, pois não me sentia “normal”, como se houvesse algo de errado comigo. Esse sentimento às vezes ainda aparece dentro de mim, mas hoje sinto isso de maneira muito mais confortável.


Blog: Você já conheceu muitas Catarinas na sua vida? E já se sentiu como ela em alguma situação?

Thais: Eu não conheci muitas Catarinas na vida. Pra falar a verdade, só me lembro agora dessa Catarina, que foi minha fonte de inspiração, e acho um nome muito bonito. Recentemente, conheci uma cachorrinha chamada Catarina e fiquei muito feliz! E, sim, já me senti como a Catarina na infância, na adolescência e como adulta também. Na adolescência eu não gostava nem um pouco de me sentir assim e ficava triste, queria ser como todo mundo, mas hoje gosto de me sentir diferente. Afinal, ser quem a gente realmente é pode ser o melhor jeito de viver uma vida mais verdadeira.

Blog: Apesar de todo mundo ter as suas próprias características e de cada pessoa ser única e, portanto, diferente de todo o resto, por que será que às vezes a gente acha que uns são mais iguais e outros mais diferentes? E por que será que é difícil lidar com o que é diferente do que estamos acostumados?

Thais: Todos somos únicos e, portanto, diferentes; cada pessoa tem uma história diferente e isso é geral para todos, mas algumas pessoas são mais diferentes do que outras, na minha opinião, porque vivem de maneira diferente do comum, do que a maioria. Na escola, algumas crianças se destacam por serem muito quietas ou porque usam roupas diferentes ou porque nascem com alguma deficiência física ou por não morar com os pais. Além dessas questões mais concretas, há pessoas que sofrem por pensar de maneira diferente. Pessoas que pensam coisas que fogem de um padrão esperado pela sociedade às vezes pagam um preço para ser quem realmente são: às vezes simplesmente não conseguem rir das mesmas coisas, gostar das mesmas coisas, se enturmar. Penso que o diferente pode ser difícil pra muita gente porque é difícil lidar com o desconhecido, que pode gerar insegurança, medo do julgamento alheio, sentimento de vulnerabilidade. O que é igual, conhecido, oferece um sentimento de segurança porque já é esperado, não chama atenção. O novo nos faz perceber nossa própria insegurança.


Blog: Nos livros do Atum, de certa forma você também trabalha o tema da diversidade, já que ele pratica várias profissões no primeiro livro e conhece países de culturas diferentes no segundo. Quer dizer, o Atum faz um esforço para se colocar em diferentes “papéis” e ver como o outro enxerga o mundo, ficando sempre agradecido e engrandecido por causa disso. Essa é uma questão especial pra você?

Thais: Os livros surgiram de forma espontânea, e não havia reparado nessa sua percepção, que me deixou muito feliz! Mas realmente acho que essa é uma questão especial pra mim, mesmo sem perceber, pois lido diariamente com o sofrimento humano e acho que 100% de quem me procura no consultório deseja ser quem realmente se é. Sempre gostei de conhecer as histórias das pessoas e tentar ouvir sem julgar, acho que é uma prática diária e acredito que o mundo poderia ser melhor se fôssemos mais empáticos, tivéssemos mais respeito e tolerância com as diferenças. De certa forma também me identifico com a Catarina, mesmo sendo falante por fora! Acho que tratar esse tema com as crianças pode ser uma sementinha para um mundo mais tolerante com o diferente, e a educação é a base para tudo.


Blog: Como psicóloga, você atende crianças? Pode contar um pouco como é seu trabalho e como você começou a escrever livros?

Thais: Sou psicóloga clínica e não atendo crianças no meu consultório, embora adore as crianças! Já atendi no passado, mas atualmente atendo adolescentes e adultos, e minha inspiração são as crianças que moram dentro de cada paciente que atendo. Penso que dentro de todo mundo existe a criança que um dia fomos e que é preciso cuidar dessa criança interior para poder assumir quem realmente somos. Meu trabalho é na clínica e atuo como psicoterapeuta, que é uma das atuações do psicólogo. Os livros surgiram de maneira inusitada! Quando ganhei o Atum, que é o meu gato mesmo, passei a conversar com ele diariamente e, em certo momento, comecei a me sentir um tanto maluca. Foi então que meu psicólogo na época me questionou: “como você acha que o Garfield surgiu?”. Aí logo juntei meu gosto por escrever e meu sonho adolescente de ser escritora. Botei tudo num papel e fui atrás de ajuda, algumas pessoas me acolheram e me ajudaram muito! E assim nasceu o Atum, o gato grato, meu primeiro livro, em 2015, também da editora Carochinha.


Blog: Para terminar, você pode contar uma coisa sua que considera bem diferente?

Thais: Algo diferente em mim? O que sinto ser diferente em mim é algo mais subjetivo, mas posso tentar! Haha, fui uma criança muito medrosa, achava que ia ser abduzida e isso me fazia sentir diferente! Na educação física, eu era a única que não gostava da aula e a última a ser escolhida para jogar num time. Também não me sentia adequada e tirava notas baixas no colegial. Quando meus pais se separaram, morei com o meu pai, quando o comum era morar com a mãe. Quando adolescente, gostava de músicas de “velho” e não seguia a moda, tinha cabelo curtinho! Ser canhota é algo diferente que sempre gostei. Até hoje tenho uma queda por assuntos polêmicos e adoro pensar contra a maré. Tudo isso faz me sentir igual e diferente, afinal, achar que é diferente também pode ser muito igual!


Muito legal, não? O que vocês acharam? Conta pra gente nos comentários aí embaixo ;)


O melhor é que o Ca-ta-ri-na, Atum, o gato grato e Atum: o gato grato cai no mundo, todos da Thais, estão disponíveis na biblioteca do colégio! Passa lá pra ver na estante do blog!


Livro: Ca-ta-ri-na

Autora: Thais Laham Morello

Ilustradora: Rita Tarborelli

Editora: Carochinha

Páginas: 60

Ano: 2017

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