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  • Dayan Marchini

Uma amizade (im)possível

O livro desta semana nos apresenta uma amizade entre um humano e seu animal de estimação e até aí, tudo normal. Mas a amizade entre o bichano e outro animalzinho, que foge à regra da cadeia alimentar, nos espanta e nos mostra que a amizade, por mais improvável que seja, deve ser cheia de respeito, confiança e de companheirismo. Este pequeno livro, escrito por um autor latino-americano, nos mostra como o bom da vida é ter amigos.


Escrito pelo autor chileno Luís Sepúlveda, a história de uma amizade curiosa entre um humano, um gato e um rato, nos faz refletir, de forma simples, sobre as coisas intrínsecas da existência, além da importância de se respeitar a individualidade e liberdade do outro. Algo que fica claro logo no primeiro parágrafo: “Poderíamos dizer que Mix é o gato de Max ou afirmar que Max é o humano de Mix, mas a vida nos ensina que não é justo uma pessoa ser dona de outra pessoa ou de um animal. Digamos, então, que Max e Mix, ou Mix e Max, se amam muito”.

Quando se torna adulto, o garoto, agora jovem, decide ter sua independência, então leva o gato, que agora já era um tanto velho, para morar com ele. Porém, como já dito no livro, o tempo dos animais é diferente do tempo dos humanos e Mix começa a sentir a idade envolvê-lo, até que fica cego. Entretanto, isso não foi um empecilho para o bichano deixar de enxergar, através das palavras de um novo amigo, o que seus olhos já não viam mais.



É nesse momento que conhecemos Mex, um ratinho tagarela e comilão, que faz com que os dias do gato sejam mais iluminados. Ao contrário do que pensamos, no enredo de Luis, o felino não come o roedor; juntos, eles descobrem que os amigos de verdade compartilham o melhor que têm em si, e que suas diferenças e dificuldades podem ser superadas através do que cada um pode oferecer, sem precisar tirar ou invalidar ninguém. E é claro, Max aceita com imensa ternura o mais novo morador da casa.


Com ilustrações de Noemí Villamuza, em um traço delicado de vermelho e preto, somos transportados para a perspicácia de uma obra que dialoga com a filosofia da intensidade com a qual se vive a vida, independente do tempo que se vive, e ainda, sobre a não necessidade de posse e nem anulação do outro e sim da soma das singularidades de cada um, ou como na música do grupo “O Teatro Mágico”: “Aprender você, sem te prender comigo.”, pois amar não é possuir, mas poder ser inteiro sem medo de deixar as portas abertas.


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