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Maysa Rocha

Narcisa Amália: “A poeta dos livres”

As edições de 2026 - 2028 da FUVEST - vestibular da USP - contemplarão obras escritas por mulheres da literatura de língua portuguesa. Aqui no blog, já falamos de algumas dessas autoras, como a Djaimilia Pereira de Almeida e Clarice Lispector. No texto de hoje, vamos falar de Narcisa Amália, autora do livro Nebulosas.



Sobre a autora: 

Narcisa Amália de Campos nasceu dia 3 de abril de 1852, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, e faleceu em 1924 por conta da diabetes. É considerada a primeira mulher jornalista do Brasil, mas também foi escritora, professora, tradutora, poeta e crítica literária. Em sua época, Narcisa teve muito reconhecimento - mesmo tendo escrito apenas um livro -, seja por seus versos que combinam lirismo com comentários políticos ou por suas ideias progressistas.

Com 34 anos, se casou com Francisco Cleto da Rocha, mas separou-se pouco tempo depois, pois Francisco sentiu-se incomodado com o sucesso de Narcisa e começou a difamá-la, falando que seus poemas eram escritos por outros poetas com quem supostamente ela teria casos de amor. Por conta disso, Narcisa desistiu da carreira de escritora e foi lecionar numa instituição pública em São Cristóvão, no Rio de Janeiro.



Sobre o livro Nebulosas: 

O único livro de Narcisa Amália foi escrito em 1872, quando ela tinha apenas 20 anos, e reúne 44 poemas, alguns intimistas, outros de cunho social relacionados a pensamentos abolicionistas e temas relacionados à natureza e à feminilidade. Essa obra, tão reconhecida e apreciada na época, foi elogiada por Machado de Assis e pelo Imperador D. Pedro II, que quis conhecê-la pessoalmente. A obra foi publicada pela editora Garnier, que patrocinou todos os gastos da impressão. A editora deu visibilidade e decidiu publicar a obra pelo fato, incomum para a época, de uma mulher escrever um livro.

Recebeu o prêmio Lira de Ouro em 1873 e o prêmio Mocidade Acadêmica do Rio de Janeiro no ano seguinte.

Porque sou forte
Dirás que é falso. Não. É certo. Desço
Ao fundo d’alma toda vez que hesito…
Cada vez que uma lágrima ou que um grito
Trai-me a angústia - ao sentir que desfaleço…
E toda assombro, toda amor, confesso,
O limiar desse país bendito
Cruzo: - aguardam-me as festas do infinito!
O horror da vida, deslumbrada, esqueço!
É que há dentro vales, céus, alturas,
Que o olhar do mundo não macula, a terna
Lua, flores, queridas criaturas,
E soa em cada moita, em cada gruta,
A sinfonia da paixão eterna!...
- E eis-me de novo forte para a luta
Poema dedicado a Ezequiel Freire, disponível no livro “Nebulosas”, 1872, p. 11.

Autores relacionados: Florbela Espanca, Raimundo Corrêa e Maria Firmina dos Reis



Para saber mais sobre a obra e seus desdobramentos, veja abaixo alguns vídeos, podcasts e artigos que podem servir como apoio para a leitura da obra "Nebulosas":

Vídeos: 



Podcasts:

Artigos: 



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