O texto desta semana é sobre o livro Dom Quixote adaptado e traduzido por Walcyr Carrasco. Vamos falar um pouco sobre o MIguel de Cervantes, sobre a obra, o que motivou o Walcyr a escrever essa adaptação e algumas curiosidades sobre o livro.
Miguel de Cervantes
Afinal, quem foi Miguel de Cervantes? Nascido em 1547, Miguel foi um romancista, dramaturgo e poeta castelhano que ficou mundialmente conhecido com seu “best-seller”, Dom Quixote. Obviamente, o termo “best-seller” não existia na época em que o livro foi escrito e publicado, mas devido a sua genialidade, ele se popularizou entre os leitores daquele período, reverberando no mundo literário até os dias de hoje. Ele é o romance mais traduzido da história da literatura, tendo mais de 500 milhões de cópias vendidas no mundo todo, desde a sua primeira edição em 1605.
A escritora e roteirista, Maria Gessy Sales, apresenta uma bioficção (mistura de biografia com ficção) sobre a vida e as memórias do autor espanhol, através de episódios marcantes de sua juventude e início da vida adulta. Eu, Miguel de Cervantes: Memórias do tempo heróico, está disponível em e-book. Maria Gessy Sales participou de um bate-papo sobre Cervantes com a apresentadora Michelle Bruck, no programa Universo Literário, da Rádio UFMG Educativa. Para ouvir o episódio, clique aqui.
Alguns pesquisadores suspeitam que Cervantes tenha falecido em 1616 em decorrência da cirrose e consequências da artrite, mas ainda é muito incerto. Uma curiosidade interessante é que, supostamente, Cervantes e Shakespeare, dois dos maiores expoentes da literatura mundial, compartilham a data de falecimento, no dia 23 de Abril. Há algumas considerações a se fazer quando levamos em conta os calendários e costumes que envolvem o falecimento dos dois. Você pode ler mais sobre este curioso assunto nesta matéria da CNN.
Outra matéria cheia de curiosidades sobre a vida de Cervantes foi publicada pela Revista Galileu. Você sabia que ele foi preso por piratas, ferido em guerra e apesar de ser espanhol, viveu boa parte de sua vida na Itália? A vida de Cervantes foi tão cheia de aventuras quanto de seu personagem principal, Dom Quixote.
Dom Quixote
Dom Quixote de La Mancha (originalmente Don Quijote de la Mancha) é uma obra-prima da literatura. Publicada pela primeira vez em 1605, essa sátira das antigas novelas de cavalaria é reconhecida como uma das maiores criações da literatura espanhola e um clássico universal.
Com o título original “El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha”, se tornou uma referência intemporal e se tornou uma referência do romance, sendo traduzido para inúmeras línguas ao redor do mundo.
O personagem central de Dom Quixote de La Mancha, um nobre espanhol de aproximadamente 50 anos, tornou-se um ícone da literatura, sendo homenageado e parodiado em diversas formas artísticas ao longo dos séculos. Seja por meio de vídeos, músicas, peças teatrais, quadrinhos, animações, esculturas ou pinturas, a figura de Dom Quixote supera o tempo e a cultura.
Ao contrário dos tradicionais romances de cavalaria, que celebravam heróis valentes em busca da justiça, da amada perfeita e dos ideais da Igreja, Dom Quixote satiriza essa visão romântica. O protagonista, um cavaleiro andante nomeado por seu fiel escudeiro Sancho Pança como o "Cavaleiro da Triste Figura", não é o herói clássico de aparência imponente. Ele é um homem comum, cuja determinação é alimentada por suas ilusões de grandeza.
A história de Dom Quixote, o fidalgo que, tomado pelas fantasias das novelas de cavalaria, embarca em aventuras cômicas e trágicas ao lado de seu fiel escudeiro, Sancho Pança, continua a encantar gerações e a inspirar novas leituras sobre a condição humana.
Walcyr Carrasco e Dom Quixote
No final do livro, Walcyr nos conta um pouco dos seus motivos para adaptar essa obra tão importante para a literatura. Vejam a seguir:
“[...] Gosto de imaginar que Cervantes se inspirou em um antepassado meu para criar Sansão Carrasco! Quem sabe? Carrasco não é um nome comum, mesmo na Espanha”
Mas não é só por causa do personagem que tem o mesmo sobrenome que o meu que amo Dom Quixote. Sou muito sonhador, desde garoto. Mesmo agora, já adulto, sempre crio novos sonhos que movimentam minha vida. quem tem grandes sonhos, muitas vezes é ridicularizado pelas pessoas em torno. A grandeza de Dom Quixote está justamente em sua capacidade de sonhar. Muitas vezes é preciso lutar contra o impossível, como Dom Quixote contra os moinhos de vento. Mas o que é um escritor, senão alguém que transforma moinhos de vento em gigantes, camponesas em princesas, nas páginas do que escreve? O escritor, mesmo o mais realista, absorve o mundo em que vive e o recria na sua imaginação. não é assim Dom Quixote?
É batalhar pelos próprios sonhos dá um grande sentimento de realização. Mesmo que sejam distantes. Totalmente impossíveis, nunca! Transformar os sonhos em realidade depende de cada um de nós.
[...]
Dom Quixote faz parte da minha vida. Meu amor pelos sonhos - e também por ler e escrever - tem tudo a ver com este livro.
Curiosidades
Para finalizar, confira aqui, cinco curiosidades sobre Dom Quixote:
Dom Quixote é o terceiro livro mais traduzido do mundo, ficando atrás apenas da Bíblia e das obras completas de Lenin. No entanto, é o livro de ficção mais traduzido do mundo
Miguel de Cervantes é considerado um dos maiores escritores da literatura mundial, sendo Dom Quixote considerado por muitos o primeiro romance moderno
Da famosa obra, surgiu o termo “Quixotesco”, que seria sinônimo de sonhador, um tanto desligado da realidade, assim como o personagem principal.
A personagem Dom Quixote serviu de inspiração para dois grandes artistas: Salvador Dalí e Pablo Picasso. Ambos criaram ilustrações originais deste cavaleiro sonhador.
A obra fez tanto sucesso que foi plagiada por um escritor anônimo que se intitulava de Alonso Fernández e que publicou uma suposta segunda parte da mesma.
Alguns anos atrás, aqui no Colégio, recebemos o projeto “Ler é uma viagem”, encabeçado pela atriz e leitora pública Élida Marques, em uma de suas oficinas-performances, narra a história de Dom Quixote e Sancho Pança através de cartaz. O projeto existe desde 2003 e, através de narrativas, leituras e teatralizações, leva a literatura para pessoas de diferentes faixas etárias e repertórios literários.
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