O gênero dramático está bastante presente na nossa vida, mas diferente dos outros gêneros que nos são apresentados através dos livros, o teatro é percebido por meio das encenações teatrais. Apesar disso, ler uma peça de teatro pode ser muito interessante! Àqueles que nunca se aventuraram nesta jornada fantástica, selecionamos seis títulos que abrirão as cortinas da sua mente para olhar de outra perspectiva o texto dramático.
Coleção Fora de Cena, Organização de Gabriela Romeu.
A Odisseia de Arlequino, de Marilia Toledo.
Uma peça de teatro que conta a história de outra peça de teatro? Sim! Em "A Odisseia de Arlequino", o personagem principal da trama, decide se aventurar no mundo dos palcos como ator e, logo, se vê encenando a Odisseia, de Homero. As peripécias de Arlequino acontecem em meio a uma trupe teatral da commedia dell’arte que, segundo o próprio livro, é “um gênero que nasceu na Idade Média, por volta do século XVI, em terras que hoje chamamos de Itália. Naquela época, trupes populares perambulavam pelos povoados em carroças para contar histórias [...] em palcos improvisados em ruas, praças ou na própria carroça, as encenações muitas vezes tinham como cenário só um pano pintado e pendurado numa armação qualquer.”
O livro, que apesar de curto, com apenas 70 páginas, tem muitas referências às artes teatrais antigas. O próprio título já faz referência à outra obra da dramaturgia e também uma referência às aventuras que o Arlequino enfrentará, afinal, quem vive uma odisseia passa por uma missão cheia de percalços.
As velhas fiandeiras, de Cassiano Sydow Quilici, Kika Antunes, Luciana Viacava, Nina Blauth e Simone Grande.
Em “As velhas fiandeiras” a personagem principal está fadada a seguir o destino das mulheres de sua família: trabalhar em uma roca de fiar, assim como sua mãe, sua avó, mas infelizmente, este é o último desejo da menina, que está decidida a fazer do seu ofício, outra coisa. Neste volume da coleção Fora de Cena, o narrador é o personagem principal e a arte de contar histórias se mistura com a arte teatral, em que a obra ganha dinamismo quando os personagens passam a narrar suas histórias. “Como num jogo de amarelinha, saltam depressa de uma linguagem para outra.”
Mas Por Quê??! de Rafael Gomes e Vinicius Calderoni.
Amado por alguns e detestado por outros, uma peça musical divide o público quando o assunto é gosto. Mas esta peça pode mudar a opinião até dos mais convictos. Em “Mas Por Quê??!” adaptação teatral da obra de Peter, Schössow, Cecília está desolada. Fã de carteirinha de Elvis Presley, acaba de perder seu passarinho que leva o mesmo nome do cantor. Contudo, um grupo muito peculiar de seres que fizeram parte da vida de Cecília, está determinado a fazê-la se sentir melhor e decide despertar as lembranças da menina, ao som do rei do rock n’ roll.
A coleção “Fora de cena” foi pensada para que o leitor tenha o maior suporte possível durante a leitura do texto teatral. Ao final das obras desta coleção, textos de apoio complementam a leitura da peça e deixam a experiência ainda mais rica. Abordam os elementos cênicos, a linguagem do teatro, vida e obra dos autores e traduzem, para o leitor iniciante neste gênero, os mais diversos conceitos do gênero dramático.
Vamos ao teatro!
Gianni Rodari foi um autor de literatura infanto-juvenil italiano e escreveu muitas obras. Várias delas compõem o acervo da nossa biblioteca. “Vamos ao teatro!” é a mais recente aquisição da nossa coleção; um pequeno livro que abriga três peças de teatro infantil: "A nova roupa do imperador", "A falsa adormecida no bosque" e a "Sociedade da Coruja". A primeira peça é baseada na história de Hans Christian Andersen, autor dinamarquês de literatura infantil. A segunda, foi recriada a partir de um conto popular contado por Charles Perrault. A última peça é original de Rodari. "A Sociedade da Coruja" foi publicada no Corriere dei Piccoli, suplemento do jornal Corriere della Sera, de Milão, em 1967.
As peças são bem curtinhas, mas cheias de diversão e surpresa para quem as lê. O texto teatral, como Luís Camargo explica na apresentação do livro, “é um tipo de texto que foi escrito para ser encenado. Mas, mesmo sem a encenação, a leitura de uma peça teatral exige uma imaginação bem criativa na nossa cabeça, diferente da que usamos na hora de ler um conto, ou poema.”
Auto da compadecida, de Ariano Suassuna.
Referência no teatro brasileiro, “O auto da compadecida” já foi adaptado para o cinema (três vezes) e encenado no teatro diversas vezes. A primeira encenação aconteceu em 1965! Suassuna usou o nordeste como pano de fundo da peça, incluindo elementos do cordel, além de misturar o barroco, a tradição religiosa e a cultura popular brasileira. A peça é dividida em três atos e conta a história de Chicó e João Grilo, dois amigos que vivem de golpes para sobreviver, sempre trapaceando o povo do vilarejo onde moram.
Famoso pelo bordão “só sei que foi assim”, o auto, no cinema, é um dos melhores filmes brasileiros, com a maior bilheteria de 2000 ganhando, inclusive notoriedade internacional.
Hamlet ou Amleto? R. Lacerda
Ler Shakespeare pode ser uma experiência bastante transformadora na vida dos leitores. Mas e para aqueles que não estão acostumados com a linguagem do texto? Ler a tradução da obra para o português pode ser um caminho meio tortuoso dependendo de como essa tradução foi realizada. Algumas linhas da trama ficam soltas ou são difíceis de entender e isso pode afastar o leitor da finalidade da obra: apreciá-la em sua totalidade.
Aqui, Rodrigo Lacerda reconta Hamlet e o seu drama de uma forma objetiva, clara, mas sem perder a poesia e o encantamento shakespeariano.A estrutura da obra permanece em peça teatral, mas a história ganha corpo para dar ao público o repertório literário para compor a história na imaginação.
Seja você leitor de teatro ou não, as obras aqui citadas são experiências únicas, cheias de personagens, risos, lágrimas, com encenações extraordinárias e que são ricas em imaginação e criatividade e valem a pena serem emprestadas do nosso acervo para serem lidas.
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