“Bichos de cá” é uma obra criada por Edson Penha e Xavier Bartaburu, projeto do grupo Nhambuzim e ilustrada por Tatiana Clauzet. O livro mistura música, cultura popular e meio ambiente, apresentando espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção a partir dos ritmos musicais brasileiros. Nessa resenha, parte literária, parte descritiva, a bióloga Mariana Parra, responsável pelas atividades do Quintal Uirapuru, revela o encantamento das crianças do Infantil 4, ao entrar em contato, pela primeira vez, com o universo tratado na obra.
O palco escolhido pela coordenação e professoras do Infantil 4 para a primeira leitura do livro, que será trabalhado durante todo o ano letivo com os pequenos, não podia ser melhor: o Quintal do Uirapuru. Em contato com a natureza e em meio aos animais, as crianças do Infantil 4 descobriram que nessa história cada bicho tem uma canção, conforme a região: “o Maracatu do Jabuti”, “Jongo do Muriqui”, “o Chamamé do jacaré”, entre outras.
Ao som dos “Bichos de Cá”, os alunos foram recebidos pelo Jabuti, protagonista do primeiro poema do livro. Porém, antes de começar a leitura, as professoras do Infantil 4 contaram uma outra história, cujo o início se dá no fundo do mar, com uma notícia inquietante: a tartaruga marinha estava vivendo na terra. O relato se espalha, o peixe palhaço conta para a arraia, essa divide a notícia com a estrela do mar, que fala tudo para o siri, até que, finalmente, chega aos ouvidos da tartaruga, que põe fim ao disse me disse, explicando que tudo não havia passado de uma baita confusão: os animais a confundiram com seu primo, o Jabuti, esse sim, um animal terrestre. Ela, a tartaruga marinha, vive a maior parte da sua vida nos mares.
Com tudo esclarecido, as professoras se dedicaram à leitura do poema do Jabuti, que abre o livro “Bichos de Cá”.
"Jabuti, na sombra do jatobá
Bom lugar pra descansar
Jabuti tá sonhando que tem asas
Folhas grandes de japá
Jabuti, sonho bom de se sonhar
Do sertão vai se afastar
Jabuti tá sonhando que tem asas
Pra fugir deste lugar
Jatobá já botou o jabuti
Pra dormir sob a sombra, descansar
Jabuti debaixo do jatobá
Aí, pra sonhar
Só bastou se acomodar
Jabuti, fez jangada, biribá
Pau-de-balsa a flutuar
Jabuti, outro sonho, sonho adentro
De o mar atravessar
Jabuti, sol e mar pra navegar
Com o casco a cintilar
Jabuti do outro lado do oceano
Em Luanda já está
Jatobá já botou o jabuti
Pra dormir sob a sombra, descansar
Jabuti debaixo do jatobá
Aí, pra sonhar
Só bastou se acomodar
Jatobá já botou o jabuti
Pra dormir sob a sombra, descansar
Jabuti debaixo do jatobá
Aí, pra sonhar
Só bastou se acomodar
Jatobá já botou o jabuti
Pra dormir sob a sombra, descansar
Jabuti debaixo do jatobá
Aí, pra sonhar
Só bastou se acomodar
Jatobá já botou o jabuti
Pra dormir sob a sombra, descansar
Jabuti debaixo do jatobá
Aí, pra sonhar
Só bastou se acomodar
Jabuti, na sombra do jatobá
Bom lugar pra, jatobá já botou o jabuti
Pra dormir sob a sombra, descansar
Jabuti debaixo do jatobá
Aí, pra sonhar
Só bastou se acomodar"
João e Maria, o casal de Jabutis que vive no Quintal, foram procurados pelas crianças. O encontro dos alunos com os Jabutis foi acompanhado de muita euforia e descobertas: “O casco do Jabuti é tão duro como o jatobá? ”, indagou uma das crianças; “Jabuti, sua prima mora no mar, a tartaruga”, disse outra; cujo o amigo arrematou: “Oi, João, hoje foi difícil te achar…” A imaginação das crianças foi só o começo para os aprendizados sobre a vida animal. A temática do Jabuti continuará a ser explorada em outros ambientes da escola, como o Espaço Eco, com atividades diferentes.
“[...]Ai, pra sonhar, Só bastou se acomodar”
O segundo bichinho a deixar as páginas do livro para invadir o imaginário das crianças, veio da região Centro Oeste do Brasil: o Tamanduá Bandeira.
Os alunos entraram no clima de descoberta com música e um painel com pinturas dos animais do Cerrado, entre eles, o Tamanduá Bandeira. Crânios e pequenos ossos de Tamanduá, pelúcias da espécie e de seu “primo”, o também Tamanduá, Mirim, fizeram parte dessa atividade exploratória. Além das curiosidades, as crianças também puderam observar um cupinzeiro: fonte de alimento dos tamanduás. O poema nos traz conhecimentos sobre a alimentação deste animal; como sua língua é comprida e pegajosa e com ela, esvazia o cupinzeiro.Os pequenos fizeram outras descobertas e dividiram com seus amigos: “o Tamanduá não tem dente”, "Olha, o neném dele em cima da mamãe”.
Ao som do grupo Nhambuzim, os pequenos deram vida aos personagens do poema lido, com o “pega-pega Tamanduá”. Uma das crianças vestiu um colete, simbolizando o Tamanduá Bandeira e utilizou um pano comprido como língua. Enquanto as demais, eram as formigas e precisavam fugir do predador e sua língua comprida e pegajosa. A brincadeira correu solta pelo Quintal.
"Bichos de cá" traz outras espécies que os alunos do Infantil 4 conhecerão ao longo do ano letivo. Propostas como essa, juntamente com os espaços do Colégio Uirapuru, ampliam a vivência das crianças na natureza, por meio do contato com os biomas, da fauna e da flora brasileira, e proporcionam experiências lúdicas, criativas e ecológicas superimportantes para a aprendizagem dos pequenos.
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