No texto de hoje, vamos desbravar o Atlântico até chegar em terras lusitanas para conhecer mais sobre um autor contemporâneo, que escreve livros tão memoráveis quanto os clássicos. Afonso Cruz é um autor de livros para as mais diversas idades: escreve para adultos e crianças como quem conversa com um amigo.
Afonso tem 52 anos e é Português. Nasceu em Figueira da Foz e, além de escritor, faz muitas outras coisas; ilustrador, designer, músico e até mesmo realizador de filmes de animação. Artista por natureza, seus livros são mais do que peças de arte: traduzem em palavras emoções humanas, das mais profundas até as mais rasas. Ele já publicou muita coisa, mas destacamos três que saltam ao olhar quando falamos de Literatura Infanto-juvenil .
Em 2010, publicou “Os livros que devoraram meu pai” que aqui no Brasil saiu pela editora Leya e, infelizmente, não houve uma reedição desta obra que no momento se encontra apenas em sebos ou livrarias virtuais. A história é narrada por Elias Bonfim, filho do “falecido” Vivaldo Bonfim, um escriturário devorador de livros que repentinamente morre de infarto quando Elias ainda é um bebê, mas isso é o que a família conta para ele. A verdade é que Vivaldo foi devorado pelos livros que lia.
Página 24 do livro, "Os livros que devoraram meu pai".
Depois de herdar a biblioteca do pai, Elias percorre todas as obras que ele leu em busca de encontrá-lo. Lê clássicos, como a “Ilha de Dr. Moreau”, “O médico e o monstro ou o estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde”, avança pelos russos com “Crime e Castigo” e trava uma batalha com sua mãe sempre que se perde no meio da leitura e esquece de ir jantar. Sua avó paterna, também é uma grande apoiadora das viagens literárias de Elias e sempre o observa, de longe, enquanto o menino está divagando pelas páginas dos livros.
O segundo livro, O Pintor debaixo do Lava-Loiças, publicado no Brasil pela editora Peirópolis, conta uma história que foi inspirada na vida dos avós de Afonso, que assim como no título do livro, esconderam um pintor debaixo da pia de casa, mas por um motivo não tão agradável: ele era um judeu eslovaco que estava fugindo do nazismo na Europa. Este livro mistura elementos factuais com a fantasia e é considerado um romance de formação. Neste sub gênero de literatura, o personagem principal da obra passa por um processo de desenvolvimento físico, moral e intelectual, atingindo uma “maturidade”, sendo o personagem fictício ou não.
Em A contradição Humana, também da editora Peirópolis, através de ilustrações bastante gráficas e usando apenas as cores, preto, branco e vermelho, ele apresenta grandes (e pequenas) contradições da nossa vida. Em uma das páginas, o narrador conta sobre uma de suas vizinhas, Dona Assunção, uma senhora que o espanta devido à quantidade de açúcar que coloca no café. Mas apesar de gostar da bebida bastante adocicada, a mulher é muito amargurada: sempre que outro vizinho começa a tocar suas músicas ao piano, a mulher do sexto andar se põe a ralhar.
As obras de Afonso Cruz são memoráveis: é praticamente impossível ler um livro do autor e deixá-lo cair no esquecimento da estante. Ele sempre encontra uma brecha para retornar à memória do leitor, por meio de frases impactantes ou ilustrações vibrantes. O autor carrega em seu currículo o “Prêmio da União Europeia Para a Literatura”, além de ser um dos escritores mais influentes da escrita contemporânea. Em seu Instagram é possível acompanhar mais de perto sua vida e obra.
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